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Dra. Cristina Silveira explica como é a consulta com um cardio-oncologista

| Cardio-oncologia

É muito comum que as pessoas me perguntem como é a consulta com um cardio-oncologista. De fato, esta é uma área muito nova e por isso muitas dúvidas podem surgir a respeito, principalmente com as inúmeras necessidades que um paciente com câncer precisa ter com a saúde, não é mesmo?

Então, hoje eu conto mais sobre o que é a cardio-oncologia e como ela contribui para a saúde do paciente que tem ou já teve câncer.

A cardio-oncologia como especialidade médica

Nos últimos anos, houve um significativo avanço nos tratamentos médicos contra o câncer, inclusive há relatos de pacientes que se curaram completamente dos tumores ou têm uma ótima qualidade de vida, mesmo com a doença.

No Brasil, estima-se que 50% dos pacientes conseguem se curar do câncer. Atualmente, o câncer é considerado a doença crônica mais curável do mundo.

Mas, assim como todo tipo de distúrbio, alguns tipos de cânceres têm cura, outros não. Isso dependerá do diagnóstico, tipo de tumor, bem como do estágio em que o câncer se encontra no momento da identificação pelo médico.

Em conjunto a isso, é preciso ficar atento às possíveis complicações do próprio tratamento contra o câncer, em especial com relação às doenças cardiovasculares. É aí que entra o trabalho do cardio-oncologista.

A cardio-oncologia é uma nova especialidade médica, que surge na intersecção entre a cardiologia e a oncologia, diante da necessidade de cuidado, atenção e prevenção dos danos causados no coração durante o tratamento contra o câncer.

Para termos uma ideia, a doxorrubicina, um dos medicamentos mais usados em tumores sólidos e hematológicos, tem um potencial de dano irreversível ao coração – a este efeito chamamos de cardiotoxicidade. Cerca de 9% dos pacientes estão sujeitos a este problema- e o risco pode ser maior (até 48%), em tratamentos com doses acima de 700 mg/m2.

A radioterapia, outra conhecida terapia oncológica, pode causar doenças como pericardite (inflamação do pericárdio, membrana que reveste o coração), problemas coronarianos e outras enfermidades cardiovasculares.

Outro medicamento, o trastuzumabe (muito usado para tratar câncer de mama) pode causar insuficiência cardíaca sintomática em até 5% dos pacientes. Esse índice chega a 19%, especialmente quando a pessoa apresenta fatores de risco cardiovascular (hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo, etc.).

Ou seja, é inegável a associação de doenças cardíacas com os procedimentos terapêuticos usados contra o câncer.

Dados da American Society of Clinical Oncology comprovam justamente isso: há uma grande associação de disfunções cardíacas associadas ao tratamento do câncer. Nesse sentido, até mesmo pacientes que nunca tiveram problemas cardiovasculares podem apresentar danos quando submetidos às terapias oncológicas.

O que o cardio-oncologista avalia durante a consulta?

A consulta com o cardio-oncologista é bem semelhante a qualquer outro médico. Normalmente, quem recomenda a visita é o próprio oncologista responsável pelo tratamento, mas o paciente também pode recorrer ao profissional.

Em um primeiro momento, converso com o paciente, avalio seus exames e busco saber mais sobre suas terapias e estilo de vida. Tudo isso ajuda a levantar informações para adaptar medidas preventivas personalizadas.

Depois, fazemos uma avaliação para identificar risco de possíveis danos ou lesões no músculo cardíaco. Mesmo quando não há nenhuma alteração, é preciso adotar novos hábitos de prevenção contra as enfermidades.

Há alguns exames que ajudam a avaliar a ocorrência de cardiotoxicidade, como:

  • Ecocardiograma com Strain longitudinal global (padrão ouro)
  • Eletrocardiograma
  • Holter
  • Troponina de alta sensibilidade
  • BNP (peptídeo natriurético do tipo B).

Além disso, a ressonância magnética também tem alta acurácia para detecção de anormalidades no coração e na verificação da estrutura cardíaca.

A frequência das consultas depende do resultado desses exames.

O meu trabalho deve ser complementar ao do oncologista, mas poderá ser necessário modificar o tratamento ou até a suspensão de terapias oncológicas, para que o seu coração tenha um tempo para se recuperar. Por isso, o contato com o oncologista é muito importante.

E quem pode se consultar com o cardio-oncologista?

Não importa a idade, condição física ou sexo. Todos os pacientes submetidos aos tratamentos anticâncer têm potencial para se consultar com um cardio-oncologista.

Particularmente, recomendo que esse atendimento seja feito quanto antes, para prevenir o surgimento de cardiopatias associadas às terapias oncológicas.

No entanto, algumas pessoas precisam de uma atenção a mais, como idosos (mais de 60 anos), ou indivíduos que já possuem doenças cardiovasculares diagnosticadas (arritmias, hipertensão, entre outras).

Se você vive em Florianópolis, o procedimento é simples: agende uma consulta comigo por WhatsApp ou por e-mail. Isso fará toda a diferença para o seu tratamento contra o câncer.

Dra. Cristina Silveira CRM 20996 SC RQE 12315
Silveira